Fundação
Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de
Janeiro
Centro
de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Universidade
Federal Fluminense
Curso
de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ
Disciplina:
Teoria da Literatura 1
Coordenador:
José Luís Jobim
AD
1 - 2016/ 1
Aluno(a):
MARCELO PAVESI LOPES
Polo:
Itaperuna – RJ
Matrícula: 15213120046
Nota:
10,0
1.
Leia, a seguir, as frases que sintetizam opiniões sobre o que é
literatura
para
o
senso comum:
1.
Literatura
são
textos escritos com uma linguagem embelezada.
2.
Literatura
é
tudo o que está escrito.
3.
Literatura
é
um texto completo escrito com uma língua qualquer
(português,
espanhol, inglês, francês etc.)
4.
Literatura
consiste
em fazer arte com as palavras.
5.
Literatura
é
a criação de novas possibilidades de uso da palavra.
6.
Literatura
é
o conjunto de textos escritos para o autor comunicar com
suas
palavras alguma coisa ao leitor.
Baseado
no que você já tinha em sua cabeça e no que aprendeu nas duas
primeiras
aulas,
comente pelo menos duas das frases acima. Coloque o número da frase
comentada.
1.
Número da frase: 1
-
Comentário: Conceituar
significa separar alguma coisa de um conjunto, devido a
singularidades que esse objeto possui. Assim, é preciso em primeiro
lugar, fazer escolhas de características componentes do observado.
Quando o senso comum anexa ao conceito de literário ao particular e
próprio de cada um conceito de beleza, não se presta a definir o
que é literário. Mais confunde
que explica. Beleza é uma eleição do que é agradável no campo do
gosto e não gosto. Portanto, variável de ser humano para ser
humano. Há quem goste de jiló, por exemplo. Conectar o conceito de
belo ao da literatura, pode ser aceito no senso comum, mas na
produção de um trabalho crítico, devemos estar atentos às nossas
inclinações pessoais, de modo que as mesmas não venham
a diminuir o trabalho de formação conceitual a respeito da
literariedade de um determinado texto.
2.
Número da frase: 2 - Comentário:
Toda frase formada é produto da criatividade
humana, através da capacidade da linguagem. Toda frase construída é
como um projeto: única, tem princípio e fim determinados. Porém,
não significa que toda frase seja literária. Se dissermos que tudo
que está escrito é literário, estamos levando o conceito de
literariedade a uma amplitude tal, que aproximaremos
literatura (litteratura)
e escrita (litterae
=
letras),
fundindo dois parâmetros
que se diferenciam pelo
uso de ferramentas da língua para a produção textual, no
qual desconsideraríamos a proeminência dos conceitos distintos
de modelo
(da utilidade das lições de um determinado texto) e de
exemplo
(quando na produção de um texto, são usados com maestria, os
instrumentos disponíveis à construção da comunicação por
escrito).
2.
Considerando tudo o que você aprendeu na aula 3, diga quais foram os
dois mais importantes aspectos sobre a relação entre literatura e
linguagem, na sua opinião.
Justifique
sua resposta.
Primeiro:
O conceito de que na literatura prevalece a função poética da
linguagem (segundo Jakobson), sendo que as outras funções aparecem,
porém de forma subalterna, enquanto no uso cotidiano da linguagem
estão presentes todas as funções, que são: referencial, emotiva,
conativa, poética, fática e metalinguística. Ora, Jakobson
atribuiu à função poética, diversas singularidades proeminentes:
“campo onde descobriu e estudou os mais importantes princípios da
linguística estrutural: a autonomia da linguagem, o caráter
estrutural acentuado da linguagem (a interdependência do todo e das
partes), o papel da percepção ou da orientação, a
interdependência de som e sentido das estruturas prosódicas
(métrica) e gramatical, os dois eixos da linguagem, a multiplicidade
das funções linguísticas”, sendo assim uma das funções mais
grandiosas da comunicação, conferindo à literatura, todas essas
propriedades supracitadas, pela predominância que a função poética
possui nos textos literários.
Segundo:
A percepção de que, enquanto a linguagem de uso cotidiano se esgota
no próprio e imediato pronunciamento, limitando-se à situação que
exigiu o pronunciamento de determinada frase, a literatura consegue
transpor de forma assimétrica o espaço e o tempo, com autor e
leitor em lugares e momentos diferentes, perpetuando-se no tempo e no
leitor, com a mensagem permanecendo na obra, permitindo a sua ação
de forma contínua, nos diversos leitores que a reinterpretarão e
comentarão. Isso confere ao texto literário um imenso poder, maior
que o da linguagem de uso cotidiano.
3.
Formule, em suas próprias palavras, um sentido para cada um dos
termos abaixo:
FICÇÃO:
É
uma capacidade humana, exclusivamente humana, de espelhar o exterior
que nos rodeia.
Exercer
o poder criador da ficção é emoldurar uma paisagem que tenha
verossimilhança com o mundo real, uma versão em palavras da
realidade que nos absorve.
Baseados nessa
realidade crua daquilo que entendemos ser, elaboramos um cozimento de
paradigmas do que imaginamos
que seja
ou do que haveria possibilidade de ser. Assim, com esse clone
algo impreciso
do mundo, das pessoas e das coisas, poderíamos ter, por analogia, um
melhor entendimento do representado, o
universo exterior a nós,
através do ficcional representante.
REALISMO:
Foi
um movimento cultural, do século XIX, que buscou aproximar o melhor
possível a obra ficcional do mundo real, baseado
num estilo de escrever que buscava descrever pormenores da realidade,
de modo a gerar uma sensação de proximidade entre o ficcional e o
mundo real.
Baseado num conceito dúbio de que a linguagem seria diáfana, um véu
translúcido como ponte para esse
real. Essa visão utópica da poder criativo da linguagem literária
é, atualmente, questionado com veemência, em virtude do fato
explícito a
respeito da
impossibilidade da linguagem representar fielmente a lúdica e
dinâmica transformação incessante do mundo em sua
tempo-espacial dimensão
de vir-a-ser,
como se referia a esse fenômeno o filósofo Heráclito de Éfeso.
REFERÊNCIA:
Pode
ser entendido como um medidor do grau de realismo de um texto, pois
trata-se da inserção no mundo da ficção de nomes de lugares e
personagens, espécies
da
fauna e da flora,
acontecimentos
históricos ou de ampla repercussão social,
objetos móveis
e imóveis: todos pertencentes ao mundo real, de modo a criar uma
intimidade entre as polaridades ficção/realidade, gerando uma
sensação de realismo para o leitor do texto literário.
4.
No ano de sua publicação em livro, as Memórias
Póstumas de Brás Cubas receberam
uma variedade de críticas. Houve, como seria de se esperar em
relação a um autor que também escrevia regularmente em jornais e
revistas, observações protocolares como a publicada na Gazetinha,
em 12 de dezembro de 1881: “Recebemos e agradecemos um exemplar do
notável romance de Machado de Assis, Memórias
póstumas de Brás Cubas,
sobre o qual daremos qualquer dia destes um folhetim”. (GUIMARÃES,
2004, 346) Mas mesmo as observações protocolares às vezes incluíam
uma certa interrogação relativa àquele texto, que aparentava ter,
além do que se supunha ser mais familiar para a época, alguma coisa
mais. Talvez seja por isso que, mesmo antes da publicação em livro,
Raul Pompéia, na Revista
Ilustrada,
em abril de 1880, declara sobre o romance: “É ligeiro, alegre,
espirituoso, é mesmo mais alguma cousa” (apud Guimarães, 2004, p.
345).
Capistrano
de Abreu, em 1881, parece retomar a fala de Pompéia, considerando
que há “alguma cousa” mais naquela obra, e questionando até
mesmo o enquadramento
das
Memórias
como
romance: “As Memórias
póstumas de Brás Cubas serão
um romance? Em todo o caso são mais alguma cousa” (apud Guimarães,
2004, p. 347).
Tendo
em vista as informações acima, escolha uma das afirmativas abaixo e
faça um comentário sobre como esta afirmativa pode ser relacionada
às informações acima:
a.
A obra literária é privilegiada porque tem condição de manter-se
tal qual era materialmente no passado, inscrevendo-se todavia no
presente, o que não é possível para uma série de outras
manifestações históricas.
b.
No entanto, devemos estar atentos para o fato de que o sentido da
obra não será o mesmo para os vários e sucessivos públicos
leitores, de modo que, mesmo considerando que a obra materialmente
pode ser a mesma, ela poderá significar coisas diferentes.
c.
Nossa leitura hoje se dá em um momento, em que outras questões já
foram formuladas, reflexões já foram feitas, opiniões já foram
emitidas.
Escolhida:
No
entanto, devemos estar atentos para o fato de que o sentido da obra
não será o mesmo para os vários e sucessivos públicos leitores,
de modo que, mesmo considerando que a obra materialmente pode ser a
mesma, ela poderá significar coisas diferentes.
Em
1881, o livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi lançado,
mas ainda não se sabia, e nem se
poderia saber à época, e
depois classificado como o marco inicial
do Realismo no Brasil. Algumas frases no texto, relativas aos
críticos imediatos e contemporâneos
da obra, sugerem que eles inferiam que a mesma seria dotada de algo
novo: “...é mesmo mais alguma cousa”, ou “há “alguma cousa”
mais naquela obra”, ou ainda “serão um romance?”, mesmo sem
saber definir que algo novo seria. Apesar desse aspecto da
sensibilidade literário comum, devemos destacar que a mesma obra, no
decorrer do tempo, além de sentido inicial, vai agregando
julgamentos e considerações sobre si, à medida que os olhos de
diversos tipos de leitores vão passando sobre o texto, e também,
não menos importante, à medida que o tempo vai passando, a
perspectiva permite uma análise diferente daquela do ano de seu
lançamento, podendo hoje em dia, ser
classificada como um marco inicial do movimento literário denominado
Realismo, em terras brasileiras. A obra
é a mesma, mas os instrumentos interpretativos variam entre os
públicos leitores, premidos por questões culturais, psicológicas,
sociais e históricas. Assim,
as mesmas palavras de Machado de Assis assumem diversos significados,
variando de acordo com aqueles que fazem despertar das palavras
deitadas no texto, através da capacidade interpretativa que são
possuidores (seria uma “hermenêutica literária”?), caminhos
díspares e variados sentidos,
muitas vezes divergentes ou apenas diferentes.
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