Professores Ivo da Costa do Rosário e Mariangela Rios de Oliveira
Vamos, nesta aula, expor a classificação dos tipos de Sujeito na Língua Portuguesa:
1) Sujeito Simples
O sujeito simples tem um só núcleo (O núcleo é a palavra que possui maior significação em um termo. Normalmente, o núcleo do sujeito equivale a um nome ou pronome); em outras palavras, apresenta-se como um SN que tem apenas um elemento determinado (ou termo principal), independentemente do número de determinantes (ou termos secundários).
Por exemplo:
(6) Os homens desejam a paz. (núcleo: substantivo)
(7) A maioria dos homens deseja(m) a paz. (núcleo – que tanto pode ser maioria quanto homens - razão pela qual o verbo, como referimos anteriormente, pode se flexionando no plural ou não)
(8) João ama Maria. (núcleo: substantivo)
(9) O professor é americano. (núcleo: substantivo)
Sujeitos pronominais:
(10) Alguém deseja a paz. (núcleo: pronome indefinido)
(11) Ninguém ama Maria. (núcleo: pronome indefinido)
(12) Ele é professor. (núcleo: pronome pessoal)
(13) Ambos são professores. (núcleo: numeral)
(14) O professor daquela cidade distante deseja a paz. (núcleo: substantivo = professor)
2) Sujeito Composto
Sujeito que tem mais de um núcleo, cujo verbo deve ocorrer no plural.
Por exemplo:
(15) O professor e o aluno são americanos.
(16) O presidente, os ministros e toda a nação desejam a paz.
(17) Eu e você amamos Maria.
3) Sujeito Oculto, Elíptico ou Desinencial (Determinado)
Não consta na NGB. Há tendência, portanto, de se incluir o sujeito oculto na classe do sujeito simples, como um subtipo deste.
Chama-se de oculto o sujeito que pode ser identificado na oração, ainda que não esteja formalmente expresso ou marcado por um termo específico. Ao contrário do sujeito indeterminado, o sujeito oculto está subentendido, sendo recuperável por intermédio de duas estratégias:
a) Pela identificação da desinência verbal:
(18) Fizemos uma passeata. (desinência = -mos → “nós”)
(19) Falaste bem do professor. (desinência = -ste → “tu”)
b) Pela presença do sujeito no contexto (oração ou período) anterior:
(22) Ambos são professores e dão aula de Matemática.
(21) A maioria dos homens deseja a paz; mesmo assim não consegue deter a violência.
Na verdade, a utilização do sujeito oculto é considerada estratégia eficiente e adequada na escrita padrão. Com esse recurso, evitam-se repetições ou retomadas literais de SN, promovendo o “enxugamento” do texto, a concisão da expressão, considerada uma das qualidades básicas da produção escrita mais eficiente. Vejamos, como exemplo, um pequeno trecho, extraído de uma revista semanal:
(22) Os crachás “high tech” de hoje em dia são uma maravilha: θ abrem portas e θ são o seu RG no trabalho.
O sujeito oculto se manifesta e é pressuposto pelos falantes da língua, que sabem a respeito de quem ou do que se está fazendo alguma declaração.
4) Sujeito Indeterminado
É indeterminado quando desconhecemos, não temos interesse em saber ou não queremos dizer quem executa a ação, “existe na ideia”, e a língua dispõe de recursos específicos para marcar essa existência não muito clara ou relevante, sendo classificado pelo viés semântico e morfossintático, através de dois recursos de natureza gramatical:
a) Verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a SN contido na oração:
(23) Fizeram uma passeata pela paz.
(24) Falaram mal do professor.
b) Verbo na 3ª pessoa do singular, com o pronome “se” (índice de indeterminação do sujeito):
(25) Precisa-se de professores.
(26) Vive-se bem aqui.
(27) Devagar se vai ao longe.
O sujeito indeterminado tem visibilidade e nível de importância menores do que o predicado; este sim é o grande componente oracional.
Obs.: Vendem-se casas ou Aceitam-se encomendas de doces. Nestas últimas orações, não há indeterminação do sujeito, já que casas e encomendas de doces estão nesta função. O que temos aí são orações na chamada voz passiva pronominal, em que o sujeito apresenta-se após o SV, com o qual deve concordar (sujeito plural > verbo plural); trata-se de formações equivalentes a Casas são vendidas ou Encomendas de doces são aceitas. Assim, de acordo com a norma padrão, estariam equivocados usos populares, muito encontrados, como “Vende-se casas” e “Aceita-se encomendas”.
5) Oração sem Sujeito
De acordo com a tradição gramatical, a oração sem sujeito caracteriza-se pela ênfase no processo verbal. Trata-se de um tipo de oração em que não se atribui a nenhum ser ou entidade a realização desse processo. Portanto, considera-se que o sujeito, nessas construções, é “inexistente” e o verbo se classifica como “impessoal”.
A oração sem sujeito, dessa forma, não se confunde com o sujeito indeterminado, uma vez que neste caso o sujeito existe, embora não se possa ou não se queira identificá-lo.
Conforme Cunha e Cintra (2001, p. 126), a oração sem sujeito manifesta-se, basicamente, por três modos de expressão:
a) Com verbos ou expressões referentes a fenômenos da natureza:
(28) Chove lá fora!
(29) Faz frio aqui dentro.
(30) Anoitecia no meio da selva.
b) Com verbo haver no sentido de “existir”:
(31) Nessa escola, não havia professor de Matemática.
(32) Atualmente, há muitas passeatas pela paz.
(33) Houve noites em que não dormi.
De acordo com Cunha e Cintra (2001, p. 127), o uso do verbo ter como impessoal é corrente “na linguagem coloquial do Brasil”, além de estar consagrado na literatura moderna e em outras manifestações. Citam os autores ainda que tal uso “deve estender-se ao português das nações africanas”, devido ao registro de ocorrências desse tipo em fontes literárias do português de Angola.
c) Com os verbos haver, fazer e ir indicando tempo decorrido e com o verbo ser na referência a tempo geral:
(35) Há tempos / não vemos uma passeata pela paz.
(36) Faz três anos / que ele é professor.
(37) Vai para dois meses / que não durmo bem.
(38) Era cedo / quando adormeci.
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